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Antes da guerra, a Ucrânia era um dos principais exportadores mundiais de cereais e fertilizantes agrícolas
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi di Maio, afirmou neste sábado (4) que a “guerra mundial do pão já começou” devido ao bloqueio de cereais na Ucrânia, o que impede que muitos países vulneráveis tenham acesso aos grãos, implicando “o risco de surgirem novos conflitos na África”.
“A guerra mundial do pão já está em curso e temos de acabar com ela. Estamos nos arriscando a uma instabilidade política na África, à proliferação de organizações terroristas, golpes de Estado: isto pode ser provocado pela crise dos cereais que estamos vivendo”, disse Di Maio.
Antes da guerra, a Ucrânia era um dos principais exportadores mundiais de cereais e fertilizantes agrícolas, e os seus produtos eram cruciais para a segurança alimentar em áreas como o Oriente Médio e o Norte da África.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, “precisa chegar a um acordo de paz o mais rapidamente possível, incluindo um acordo sobre cereais, assim como um acordo de cessar-fogo que nos permita retirar mulheres, civis e crianças que estiveram sob bombas russas no leste da Ucrânia durante 100 dias”, acrescentou.
“Há 30 milhões de toneladas de cereais bloqueados nos portos ucranianos por navios de guerra russos. O que estamos fazendo é trabalhar para que a Rússia desbloqueie a exportação de trigo para os portos ucranianos, porque neste momento corremos o risco de novas guerras na África”, explicou Di Maio.
Ameaça à segurança alimentar
O chefe da diplomacia italiana recordou que será realizada “uma primeira sessão de diálogo com os países mediterrâneos sobre segurança alimentar, trabalhando com todos os parceiros juntamente com Alemanha, Turquia, França e muitos outros para alcançar o objetivo de desbloquear as quantidades de trigo que devem sair da Ucrânia”.
A Itália se ofereceu há alguns dias para desobstruir os portos ucranianos e criar “corredores marítimos” para o transporte de trigo. O primeiro-ministro, Mario Draghi, telefonou para Putin para pedir que desbloqueasse a exportação de cereais da Ucrânia também do mar Negro e dos portos do mar de Azov, como o de Mariupol, que foram invadidos pelas tropas russas.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), sediada em Roma, alertou para as repercussões da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, ambos grandes exportadores de cereais, sobre a segurança alimentar mundial.
A Itália está organizando um Diálogo Ministerial com os países mediterrâneos para 8 de junho, em colaboração com a FAO, para compreender as necessidades e delinear medidas de intervenção diante do grave impacto da guerra na segurança alimentar, particularmente no Mediterrâneo e na África.